Em 2021, quando fiz o Caminho de Santiago de Compostela, encontrando com outros peregrinos brasileiros, informaram-me sobre a existência do Caminho da Fé, inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela, idealizado e desenvolvido para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os necessários pontos de apoio, infraestrutura e principalmente informações.
Em 2023, numa tradicional prova de Ciclismo que participo na cidade de Morretes, conheci um grupo de ciclistas de Matinhos, Paraná, que havia feito o Caminho da Fé e uma outra equipe, que, no próximo feriado de setembro, em 2024, retornaria a fazer esse caminho brasileiro.
Muitos e bons comentários me levaram a repensar nessa desafiadora cicloviagem e como eu deveria concluir o livro “Transcompostela, Sob a perspectiva de um cicloviajante”, e estava sem roteiro definido para viajar para o exterior. Enquanto viajamos no Vale Europeu na companhia do Moisés, conhecemos o Acácio, quem planejava fazer esse pedal, e como ele conhecia muito bem esse percurso, enviou-me todo o planejamento que havia feito para pedalar com seus amigos.
Com essas riquezas de informações, planejei fazer o Caminho da Fé no mês de setembro de 2023, no seu 20⁰ ano de existência e muito aprendizado.
O Caminho é composto por mais de 2.000 km, saindo de diversos pontos dos quais aproximadamente 400 km atravessam montanhas da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto. Com belas paisagens e comunidades acolhedoras, o Caminho proporciona momentos de reflexão e fé, saúde física/psicológica e integração do homem com a natureza.
Optei por deixar a minha cidade, e fui de carona com meu filho e minha esposa, fomos até a cidade de Tambaú – escolhida por mim para dar início a uma nova cicloviagem, levando comigo a minha bicicleta, a “Poderosa Gravel” que me acompanhou nos Caminhos de Santiago, citado no e-book (“Transcompostela Sob a perspectiva de um cicloviajante”).
Chegamos na noite do dia 21 de setembro e dormimos na pousada do caminho onde existe a usina do malte. E na manhã seguinte, depois do café, os dois voltaram para casa e eu fui visitar Tambaú.
Visitei o Santuário Nossa Senhora Aparecida, graças à contribuição da Allana – funcionária da igreja e excelente fotógrafa –, consegui trazer comigo boas imagens. Depois aproveitei para conhecer a Casa do Padre Donizetti; encontrei com o Luiz Roberto, quem me perguntou de onde eu vinha e ali começamos uma ótima conversa, e não deixamos de registrar o momento com uma foto.




Atravessando a Praça Padre Donizetti, dirigi-me ao Departamento de Turismo, sendo muito bem recebido pela funcionária Daniela, quem prestou todo o apoio e me forneceu um guia; fizemos uma foto no portal do Caminho, para ser postada nas redes sociais do Caminho da Fé.
Seguindo pela Via-crúcis, próximo das 10h, e depois passando pela pousada no caminho, estava começando o Caminho no km 420, rumo à Casa Branca.



Passando por capelas e setas de sinalização por volta das 10h30, já começava a enfrentar as primeiras subidas no km 416; a sensação térmica já variava de 40,9 a 41,5 °C nesse horário da manhã.




Por volta das 12h, deixei uma estrada de terra compactada e comecei a enfrentar a estrada arenosa entre canaviais, quando passou por mim um motociclista que neste areião, derrapou e quase caiu. Conversamos um pouco, e após presenciar aquela cena, tomei mais cuidado e empurrei a “Poderosa Gravel” quando necessário.


Naquele areião eu seguia em frente, controlando e monitorando a frequência cardíaca, consumo de líquido, quando por volta das 14h, já mais próximo de Casa Branca, parei numa área de sombra ao lado de uma capela e ali comecei a fazer o meu lanche na hora certa.
Neste momento, estacionou um caminhão dirigido pelo senhor Orlando, defronte à capela e me oferecera água fresca; aproveitei para abastecer minhas garrafas. Ele me ofereceu umas laranjas da região, subiu no caminhão e me deu umas frutas das muitas toneladas que carregava na carroceria.



Agradeci muito a gentileza e nos despedimos. Fiquei ali, descansei mais um pouco saboreando aquelas laranjas e depois segui em frente. A sensação térmica sentido Casa Branca só aumentou, o que exigia mais cautela na minha pedalada.
Felizmente, próximo das 17h, cheguei ao Santuário Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca, deixando aquele templo sem visitar, com um céu sinalizando ameaças de chuva para aquele fim de tarde. Tratei de me dirigir para o centro da cidade, passando pelo Santuário Nossa Senhora das Dores; não o visitei na chegada da cidade, segui para o Alfonso’s Hotel, onde me hospedei, e depois da chuva saí para jantar numa excelente casa de massas, e assim encerrei o meu dia, retornando para o hotel, quando me recolhi para o merecido descanso do dia.


Na manhã seguinte, depois de um delicioso café de desjejum, carimbei minha credencial e deixei o hotel para fazer as compras dos meus lanches e produtos para hidratação, pois o calor prometia novos desafios.
Fui visitar a cidade, retornando ao Santuário Nossa Senhora do Desterro, onde carimbei a minha credencial e visitei o lindo interior da igreja; na saída, encontrei três ciclistas de Santa Cruz das Palmeiras – Edson, Cristiane, Andrea –, que queriam saber do meu próximo destino. Contei sobre o planejamento desta viagem e de outras experiências de vida em cima de uma bike, registramos esse momento e me despedi, porque eu precisava seguir em frente, pretendia passar por Itobi e dormir em Vargem Grande do Sul.
Descendo para o centro da cidade novamente, queria conhecer o interior da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, que fica na Praça Barão de Mogi Guaçu, um logradouro charmoso da cidade.



Orientado por setas amarelas pelas ruas de Casa Branca, passei da entrada do Horto caminho para Itobi. Quando estava tentando me localizar no aplicativo, encontrei o ciclista Adenilson Quaio, que me levou até a entrada do Horto, fizemos uma foto e segui em frente agradecido pela gentileza. Esse trajeto evoluiu por entre eucaliptos e canaviais, subindo e descendo pequenas colinas até chegar a Itobi, que na língua tupi significa “Rio Verde”.


Em Itobi, o caminho simplesmente passa na entrada da cidade, no Km 378, onde a praça principal está a uns 350 m do caminho, deixei o trevo e fui visitar.
Chegando a Itobi, próximo de 11h, a Paróquia Nossa Senhora das Dores-Itobi estava fechada; ali encontrei com dois ciclistas: Junior e José, ambos de Atibaia, que pedalavam em companhia da esposa como carro de apoio.


Felizmente, encontrei um local para carimbar minha credencial e fui ao mercado para abastecer e renovar o estoque de água.
Na Casa Ribeiro, fiz uma refeição rápida, e já no caixa para pagar a conta, a senhora Deize que ali atendia, perguntou-me onde eu pretendia dormir em Vargem Grande; ela e seu esposo (amável casal) pediram para que eu esperasse um minuto. Telefonaram para a pousada do Wagner e fizeram uma reserva para mim. De Itobi até a pousada eu precisava percorrer mais uns 30 km aproximadamente. Voltei para o trevo de entrada da cidade e segui sentido Vargem Grande do Sul; eu estava a uns 15 km da próxima cidade.


No km 366 de uma estrada de asfalto, sem acostamento e com uma sensação térmica de uns 41 °C, em um dado local de descanso de peregrinos sob sombra de uma árvore, parei para um descanso. Um pouco mais adiante, o caminho deixava o asfalto e seguia por estradas rurais, e devido ao trânsito de caminhões neste percurso, a terra solta fazia levantar muito pó.
Mas, para minha surpresa, a distância, vi um caminhão branco vindo em minha direção embaixo de uma nuvem de poeira. O motorista me avistou e parou o caminhão, a poeira baixava e sem entender o motivo do caminhão estar estacionado, parei e conversei com o senhor José, motorista do caminhão. Após nos conhecermos, ele me contou que parou o caminhão para que eu pudesse seguir em frente sem precisar enfrentar aquele pó todo; fiquei sem palavras pelo ato gentil, agradeci pelo seu gesto de carinho e compreensão e nos despedimos.


Já próximo da entrada da cidade de Vargem Grande do Sul, parei para descansar à sombra de umas árvores à beira da rua, num conjunto habitacional. O casal Gustavo e Leticia, percebendo que eu estava descansando e tomando a água (já quente) da minha garrafa, trouxeram-me uma garrafa com água congelada.

Fizemos uma foto, agradeci e segui rumo ao centro da cidade por ruas pavimentadas, e logo no “Cartão de Visitas da Cidade”, havia uma enorme estátua de Cristo Redentor numa elevação da grande e movimentada avenida. Após uma breve parada para fotos, segui meu destino. Chegando na Praça de Nossa Senhora, encontrei fechada a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, construída em 1921 pelo Beato Donizetti, e ao lado da igreja, o centro pastoral Padre Donizetti.



Deixando a praça, encontrei uma senhora que me levou para conhecer a Tati, conhecedora do Caminho da Fé, dizendo que eu precisava conversar com ela, levando-me também, até a Salgateria Nira. Realmente, a senhora Lourdes, que me direcionou, tinha razão, porque eu precisava há muito tempo, conversar com alguém que já havia realizado por seis vezes o Caminho da Fé. Relatou para mim muitos fatos ocorridos e documentados ao longo desse místico caminho, que ela, a Tati, segue desde de 2018, e no próximo dia 28 de junho de 2024, fará a sétima caminhada como peregrina.
A conversa com ela foi muito agradável, olhei no relógio, já havia passado das 16h30 e eu ainda tinha chão para pedalar. Deixando a Salgateria, despedi-me da Tati após documentar minha passagem no estabelecimento com uma foto feita por ela.


Seguindo as setas amarelas, passei pela Praça Capitão João Pinto Fontão, onde fica a Igreja Matriz de Sant’Ana, e pedalando num lindo fim de tarde de temperatura agradável por uma estrada paralela à Rodovia Lourival Lindorio de Faria, encontrei o Monumento de Aparecida, dando início à Via-crúcis.
Nesta primeira estação está registrado, para conhecimento dos transeuntes, “Aqui neste lugar, no ano 2017, rendemos nossa homenagem à Nossa Senhora pelos 300 anos de sua aparição no Rio Paraíba” – V. G. do Sul, comissão “Via-crúcis”. É, sem dúvida, uma linda obra que me permitiu pedalar por quase 12 km, conhecendo a Via-crúcis, as suas 15 estações. Entre a 14ª Estação e a Pousada do Wagner, há um lindo Cruzeiro, local em que fiz uma foto e o meu agradecimento, simbolizando a chegada de mais uma etapa, porque a 15ª Estação estava a uns 400m da porta da Pousada do Wagner, onde me hospedei.





Durante o percurso da Via-crúcis, conheci o Gustavo Fonseca, que estava de carro com sua família, oferecendo-me ajuda para levar meus alforjes. Agradeci e continuei pedalando, como escureceu e ele percebeu que eu não havia chegado à pousada, voltou para me encontrar e percebeu que eu estava com lanterna e bem iluminado, neste momento já estava próximo ao Cruzeiro, e fiz uma foto.

Chegando à Antiga Pousada da Dona Cidinha, sob a direção do Wagner, que prontamente me atendeu por indicação da Deize, já na minha chegada, mostrou-me o local que eu iria dormir e demais instalações, como: chuveiros, cozinha. Perguntou, ainda, se eu tinha roupa para lavar; neste momento, apresentou-me ao grupo de 15 ciclistas, já prometido anteriormente, e desse grupo, conversei mais com o Edu Vilhoni, com quem mantenho amizade e converso até hoje via WhatsApp.
O gostoso de se hospedar em albergue ou numa pousada como essa, é o bate papo e o clima de relacionamento com pessoas que objetivam vencer obstáculos a fim de chegarem ao destino final; mas, cada um tem a sua história, e o tempo é pequeno para conhecer tudo de todos.
Nessa noite conheci também a peregrina Dona Adélia de São Carlos-SP, que fez e faz o Caminho da Fé sozinha há muitos anos. E no jantar, a discussão era a mudança do trajeto de São Roque da Fartura para Águas da Prata. Nada de anormal, num caminho com 20 anos de existência, surgem necessidades de alterações, mas a conversa gerou algumas expectativas e Dona Adélia, lá fora, só ouvia, e eu, como marinheiro de primeira viagem, enquanto jantava, também ouvia atentamente os comentários.
A partir de janeiro de 2024, o Wagner voltou a organizar grupos e a acompanhar com carro de apoio até o destino de Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, como guia e apoio ele gosta e vive intensamente o Caminho da Fé desde 2011.
Dona Cidinha assumiu o comando da pousada novamente, e o Wagner se coloca à disposição neste site: https://wagnersilva.tur.br e no Instagram: @wagnersilva1964 – fica a dica.
Deixando a pousada na manhã do dia 24 de setembro de 2023, depois de um delicioso café de desjejum às 06h46, já estava na 15ª Estação, que fica a uns 400m, aproximadamente, do portão da pousada.



A programação do dia era pedalar do Km 348 para chegar a Águas da Prata na pousada do peregrino no Km 317, passando por São Roque da Fartura que fica no Km 331. E assim comecei a pedalar por uma estrada compactada por trator, depois dali, começou uma sequência de muitas subidas e as poucas descidas, além de curtas, não permitiam aproveitar muito, mas como comecei cedo, o clima estava agradável.



Um cenário maravilhoso e em alguns trechos, como a subida do Km 346, era preciso empurrar a Poderosa Gravel, mas a beleza natural brilhava os olhos. Entre sobe e desce, cheguei ao Km 342, encontrei a BR 267, por ela pedalei seguindo as setas amarelas e o caminho de retorno para a estrada rural novamente; e com muitas e boas subidas e descidas, já era mais de 9h da manhã e o sol se pronunciava dando sinais de um dia maravilhoso.
Passando ao lado de fazendas, onde há torneiras para tomar uma água fresca, logo depois cheguei à Serra da Fartura por uma estrada sem acostamento, quando todo o cuidado é pouco. Logo depois da forte subida, cheguei à Rua David de Carvalho, passando ao lado da Igreja de São Roque, e em frente da mesma, parei numa lanchonete para fazer o meu lanche, hidratar. O dia rendia e cheguei em torno das 10h30.














Como a cidade de São Roque da Fartura é apenas o centro e nada mais, descansei mais um pouco e segui sentido à BR 267 por orientações de moradores; rapidamente encontrei a estrada rural, e em seguida, as setas amarelas da Associação dos Amigos do Caminho da Fé, a estrada havia se estreitado em decorrência de algumas erosões. Passando do Km 330, encontrei a Dona Adélia e ali parei para conversar e fazer uma foto; depois ela me falou que nunca havia passado por esse trecho, talvez tenha sido essa a mudança de trajeto comentada na noite anterior.
Após nos despedirmos, segui pela “Rota do Vulcão” até chegar a um posto de combustível e por orientação de uma equipe de apoio ciclista, continuei pelo acostamento da rodovia até chegar a Águas da Prata – nasceu aqui o Caminho da Fé.
Já bem instalado na Pousada do Peregrino, chegando por volta das 15h, já relaxado, fui fazer o meu lanche. A cidade oferece muitas e boas opções gastronômicas, uma melhor que a outra, para todos os gostos.
No retorno para a pousada, encontrei a Dona Adélia, que acabara de chegar cansada, comentando nunca ter feito esse trajeto que fizemos, e que esta etapa estava totalmente diferente.
Conheci a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, onde assisti a missa e depois na pousada, conversei com o Grupo de Ciclismo Brutas e Brutos de Manaus, que estavam montando suas bikes para começar na manhã seguinte o caminho. Muitos deles estavam com bicicletas elétricas.


Despedi-me do grupo e fui descansar. Levantei cedo na manhã seguinte e me deliciei com o café da pousada. Por volta das 7h comecei o caminho, por forte aclive de asfalto, subindo sentido pico do Gavião, e assim aos poucos, fui deixando Águas da Prata. A partir do Km 316, comecei a encontrar peregrinos, a escutar o canto dos pássaros e a sentir o cheiro do verde da vegetação.
Passando por ponte (Mata Burro), junto dos peregrinos, segui a seta amarela, o caminho ia estreitando, passando por um trecho de pedras, erosões e cachoeiras; assisti um bando de macacos saltando de galho em galho nas árvores.





Passei por uma placa que indicava um acesso para o Pico do Gavião, um ponto turístico localizado a 1663 metros de altitude, muito conhecido por ser um dos melhores para a prática de voo livre em todo o Brasil, localizado na divisa de Andradas/MG e Águas de Prata/SP.
Pedalando tranquilamente num dia maravilhoso, após deixar um trecho sombrio, chegou a hora de atravessar o riacho de água escura, e o jeito foi levar a bike nas costas, passando por um uma área reflorestada em fase de desmatamento.




Cheguei à Capela do Sagrado Coração de Jesus e encontrei vários cicloturistas que ali descansavam, depois sob forte descida avistava-se a cidade de Andradas, e ao final desse percurso, parei no restaurante Rancho das Cachoeiras para carimbar a minha credencial; continuando na mesma descida, cheguei ao centro da cidade de Andradas, na Praça Dr. Alcides Mosconi, local da bonita Igreja Matriz de São Sebastião.



Andradas, uma cidade mineira que, pelos fatores naturais (solo, clima) e humanos que controlam a cultura da vinha e a produção do vinho, carrega o título de Terra do Vinho, tendo como ícone na praça da cidade um garrafão com o rótulo da 56ª Festa do Vinho de Andradas-MG.
Depois do almoço, terminei a minha visita pela cidade, fui para o palace hotel para um merecido descanso.




Acordei cedo e depois de um bom café, deixei o hotel com destino a Inconfidentes. Deixando a cidade por uma estrada asfaltada com acentuado aclive, logo nos primeiros topes, passei pela vinícola Beloto, mas não visitei a adega, pois ainda estava no pé da desafiadora Serra dos Lima e eu estava no Km 282.
Saindo do asfalto, segui por uma estrada rural e comecei a encontrar os primeiros peregrinos do dia numa descida com um belo visual; seguindo a seta amarela, eu me deparei com sinalização que orientava para continuar em frente. Após o Km 276, cheguei à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, um ótimo lugar para recuperar o fôlego, onde encontrei o senhor Ângelo – um peregrino já descansado, que estava disposto a conversar.




O Ângelo conhece Morretes, a minha cidade, e me contou que saiu de Aguaí-SP, a uma distância equivalente a Tambaú, de onde comecei o Caminho da Fé. Aqui, peregrino e bicigrino se despediram e segui em frente até a Capela Nossa Senhora das Graças e São Brás – local da lanchonete do mirante, um aprazível local para fazer um lanche e relaxar com uma bela vista da serra que acabar de vencer.



Continuei o caminho, passando pela Igreja Nossa Senhora Aparecida no Distrito de Gramínea, seguindo por estrada de chão, passando por pontilhão, capelas, e sinalização de descida íngreme, o que potencializa risco de acidente, assim cheguei à Barra no Km 266, e já parei no Bar Constantino, quando fui muito bem atendido pelo Tiago, que relembrou histórias do seu pai nos inícios do Caminho da Fé, quando os peregrinos se hospedavam com mais frequência na Barra.
Neste bar há um mapa do caminho e nele eu li essa frase que me chamou atenção: “O Caminho é o que importa, não o seu fim. Se viajar depressa demais, vai perder aquilo que te fez viajar.”





Após comprar umas lembrancinhas e carimbar minha credencial, alertado pelo Tiago sobre a forte subida do sabão que eu teria pela frente, eu me despedi e segui em frente. Realmente, a subida é de tirar o fôlego.


Na sequência, uma descida, um córrego e cheguei à pousada Santa Catarina, um local recomendado pelo Tiago para conhecer a proprietária e carimbar a credencial. Ela me serviu uma água estupidamente gelada, agradeci e segui em frente, passando pelo povoado de Taguá, por Crisólia, e assim, cheguei a Ouro Fino.





Felizmente encontrei o conhecido Monumento Menino da Porteira e parei para fazer umas fotos, lá encontrei um guia que estava com um grupo de amantes do parapente que passava por aquela cidade; graças a ele consegui belas imagens.




Ainda em Ouro Fino, na Praça Monsenhor Teófilo, visitei a linda Igreja Matriz de São Francisco de Paula & Nossa Senhora de Fátima; seguindo a seta amarela, deixei Ouro Fino depois das 17h30 num fim de tarde maravilhoso, com o sol se despedindo, e em torno das 18h cheguei à Capela de São Judas Tadeu, local com uma linda praça mantida pelo Jeferson – pessoa com quem conversei já na entrada da cidade de Inconfidentes, conhecida como a Capital Nacional do crochê.
No caminho de Andradas para Inconfidentes, encontrei um grupo de ciclistas com um carro de apoio, eles pedalavam muito, mas um deles que vinha mais devagar, ofereceu um espaço no carro para levar meus alforjes até o meu destino, o que fez diferença e me ajudou muito.
Chegando a Inconfidentes, já cansado me dirigi para a Pousada Santa Varanda, endereço, no qual eu havia pedido ao Walace para deixar os meus alforjes, e onde fui recebido pela Tábata.
Na Pousada Santa Varanda, recebi excelente atendimento desde o primeiro contato quando fui informado que na cidade os restaurantes estavam fechados para o jantar. Felizmente na pousada, além da hospedagem, serviram o jantar e o café da manhã. Foi ótimo.



Durante o café da manhã, conversei com outros peregrinos ali hospedados, como seria a caminhada deles após uma noite de muita chuva, porque para mim, a lama seria a maior dificuldade; alguns optaram por ficar mais um dia, mas resolvi continuar.
Após uma rápida visita pelo centro da cidade e pela linda Igreja Matriz de São Geral Majela, deixei Inconfidentes num dia nublado. Conversei com o Cassinho, quem me recomendou enviar meus alforjes para Borda da Mata através do Tião da motinha, pois iria pegar chuva e muita lama na estrada. Aceitei a recomendação e encontrei meus alforjes em Borda da Mata no local combinado. Foi perfeito.
Depois do trevo da cidade, segui alguns peregrinos pela estrada asfaltada, tomando os devidos cuidados para não errar a estrada de chão – sentido córrego da onça, que encontrei graças à orientação de outras pessoas, porém, deixo uma observação de que a sinalização nesse trecho pode ser melhorada.
Seguindo a seta amarela, havia sinalização do Caminha de Nhá Chica, prossegui por uma estrada de chão em boas condições de manutenção, dando sinais de que a máquina havia passado recentemente, pois ainda havia terra solda, excelente para uma queda de ciclistas.








Com muito cuidado passei pelo Km 226, depois pela pousada Santa Rita e logo cheguei a Borda da Mata, onde equipei a minha bike com os alforjes e me dirigi à panificadora para fazer o meu lanche da manhã. Enquanto eu fazia o meu pedido, choveu e trovejou muito, mas como eu não tinha pressa, esperei a chuva passar, e quando me dirigia para a Igreja Nossa Senhora do Carmo na Praça Central, encontrei Jairinho do gás, que conversou comigo sobre o caminho da fé.
Chegando à igreja, encontrei o Valdecir que ali trabalhava e me contou um pouco deste lindo templo, e graças a ele pude trazer comigo lindas fotos.
Deixando a Borda do Campo, depois do Km 214, realmente chegou a hora de enfrentar o barro solto aplainado pela máquina, que virou um barro após a chuva, então, chegou a hora de empurrar a bike completa com os alforjes até Palmas, e felizmente sem chuva.
Em Palmas, uma senhora me emprestou a mangueira de jardim para lavar o barro da Poderosa Gravel; procurei uma lanchonete para me abrigar da chuva. A alternativa que encontrei foi seguir em frente por uma estrada de asfalto em péssimas condições.







Cheguei a Tocos de Moji-MG, subi a ladeira para visitar a Igreja Nossa Senhora Aparecida, depois desci para encontrar um local para pernoitar, passando pela Pousada Zé Dito, notei que havia outros ciclistas ali hospedados.
Como tinha vaga nesta pousada, ali mesmo fiquei. Depois de uma limpeza na bike e um banho, encontrei com um outro grupo de ciclistas que enfrentaram chuva e muito barro. Jantamos na mesma pousada e chegou a hora do merecido descanso.
Na manhã seguinte, no horário do café, alguns dos ciclistas já tinham seguido o caminho, mas outros ainda lanchavam. O Beto de Tatuí, que estava como condutor do carro de apoio para o grupo, ofereceu um lugar para levar meus alforjes, dizendo que os ciclistas iriam dormir em Consolação, na Pousada Dona Elza, onde eu havia programado ficar e que poderia deixar a minha bagagem. Agradeci pela ajuda e segui a seta amarela, pois ainda tinha pela frente mais uns 22 km de Tócos do Moji até Estiva, e mais uns 18 km até Consolação.
Num clima agradável, deixei Tocos de Moji, subindo por uma rua de blokret, e a partir do km 196 começou a estrada de chão – trecho difícil, porém, lindo –, além de alguns trechos de blokret novamente. Passei pela Capela da Vargem Grande e logo cheguei a um bairro chamado Fazenda Velha, onde encontrei a padaria Recreio ao lado de uma praça. Ali, parei para comprar água e lanche para viagem.


Seguindo para Estiva, numa vista maravilhosa de muita elevação, avistando plantações de morango, vilarejos, capelas, tive de parar para registrar aquele momento digno de ser filmado. Uma placa dizia: “viva os detalhes”, e nessa harmonia com a natureza, quando percebi, já estava no Km 178; em seguida havia uma sinalização: “Bem-vindo a Estiva”; estava eu no circuito turístico Serras Verdes do Sul de Minas, e já tinha deixado para trás Olaria, Pantano dos Teodoros, Pantano dos Rosas e Fazenda Velha, onde comprei lanche e água na panificadora.





Já na Estiva, avistei a Dona Zezé, proprietária da Pousada Poka, gentilmente ela desceu as escadas para me receber e juntos fizemos uma foto, como eu ia seguir em frente para dormir em Consolação, ela recomendou almoçar no restaurante no trevo, bem na saída para o meu destino.
Aproveitei para visitar o Santuário de Nossa Senhora Aparecida e segui para o restaurante do trevo. Após o almoço, passando pela passarela sobre a Rodovia Fernão Dias, segui a seta amarela do Caminho da Fé, em seguida me deparei com o Pit Stop São Bento, um local com bomba para calibrar pneus, ferramentas, carregador de celular, água potável, tudo ali disponível para os peregrinos e bicigrinos.




Chegando ao km 172, já na localidade de Boa Vista, havia uma capela numa praça com uma placa indicativa de que logo começaria o desafio do dia, sendo pedalar pela Serra do Caçador. Vencida esta etapa, nada melhor do que um merecido descanso na Capela de Santa Rita, local com uma vista estonteante, onde a Serra da Mantiqueira pode ser apreciada. Aproveitei para fazer o meu registro.



Depois deste ponto mais alto, pedalando um pouco mais, após passar por uma capela – Cambuí, já comecei a avistar a localidade de Consolação, e descendo por uma estrada pavimentada, já estava eu em Consolação.
Enquanto aguardava o meu checkin, aproveitei para visitar a Matriz de Consolação – Paróquia de Nossa Senhora da Consolação, bem no centro da cidade e defronte a Pousada da Dona Elza, onde me hospedei. Nessa pousada ao Sul de Minas Gerais, encontrei muitos ciclistas de diversos lugares, muitos com carro de apoio, e não vi nenhum ciclista com alforjes neste trajeto.



Jantei na pousada da Dona Elza, quem nos recebeu muito bem, assim como seu esposo, quem arrumou um bom lugar para deixar a bike durante a noite. Como estava cansado, fui para o meu quarto traçar os planos para a próxima pernoite, que seria em Brazópolis (Luminosa).
Na manhã seguinte, na hora do café, encontrei alguns dos ciclistas que havia conversado na noite anterior, no jantar. Às 7h eu já estava passando pela Capela de Nossa Senhora das Graças, não encontrei ninguém pelo caminho, passei por porteiras, mata burro, e muitas leituras para reflexão, por pontes, e numa estrada de chão no Km 144, segui a seta rumo a Paraisópolis (penúltima cidade mineira da rota) na Capela dos Milagres – São Sebastião, contendo, em determinado trecho, uma placa com a frase: “A vida é um Milagre.”
Passando por lugares maravilhosos e de serra, com nuvens que deixavam as montanhas coladas ao céu, sem contar o canto dos pássaros, logo cheguei à Capela de Santa Luzia no Bairro Machadão de Paraisópolis, com um lugar para descanso. Seguindo a seta, cheguei ao Portal do Paraíso. Nossa! Que lugar maravilhoso! Era apenas 09h20, o dia prometia. Aproveitei e registrei lindas lembranças e imagens do lugar.









Passei pelo Asilo São Vicente, depois pelo centro da cidade e cheguei à bicicletaria do Tonho, quem lubrificou a corrente da minha bike e fizemos uma foto. Cheguei a Paraisópolis na Igreja Matriz de São José e segui em frente rumo ao Bairro de Cantagalo.



Que dia maravilhoso, pedalando por uma estrada de chão duro! Não havia chovido por lá e estava bem seco; já na lanchonete do Jucemar no bairro de Cantagalo, fiz um lanche, descansei, além do bate papo com o anfitrião que adora pedalar, e conheci também o Marcelo e o Ricardo, ambos de Santo Antônio do Pinhal. Neste ponto, encontrei também diversos ciclistas e muitos com bicicletas elétricas, outros com bicicletas assistidas e todos sem alforje.
Deixando o bairro Cantagalo já no Km 116, eu começava a subir levemente a Serra do São Bento do Sapucaí, e logo que termina esse serra, lá estava eu na divisa de SP e MG, numa altitude 1265 m acima do nível do mar, e a 3 km da Luminosa.





Já no Km 112, num cenário sem igual, anunciava depois de uma forte descida, a chegada de Brazópolis (Luminosa), e assim foi a minha chegada.





Encontrei muitos ciclistas de bicicletas elétricas e assistidas, que iriam pernoitar na serra da Luminosa, desistindo da idéia, primeiro porque estavam com baixa carga na bateria, e segundo porque na localidade estava há mais de três dias sem energia elétrica.
Depois de conversar com eles, descansei mais um pouco, fiz algumas fotos e comecei a subir rumo à Pousada Dona Inês, que ficava acima do Km 108, onde eu iria pernoitar.
Como cheguei cedo, em torno de 17h30, a Dona Inês ainda não havia chegado das compras. Enquanto eu não fazia o checkin, aproveitei para fazer um reconhecimento da área, e bem na frente da pousada havia um terraço elevado, um pequeno mirante, com uma vista maravilhosa; aproveitei para fotografar aquele lindo vale de montanhas que me aguardavam na manhã seguinte. Encontrei também na pousada, o Edson Perondi, de São Carlos, e o Ivo Ferreira, de Santa Rita do Passa Quatro-SP.




Ambos conhecedores do Caminho, o Ivo já pedalava e até estava pensando em fazer trecho pedalando no Caminho da Fé, já o Edson, após conversarmos sobre o Caminho de Santiago de Compostela, ficou motivado em fazer também. Graças ao Ivo, trouxe comigo lindas imagens do lugar.
Escurecendo, e instalado num quarto, era o momento de passar um spray para espantar os pernilongos que lá estavam; era hora do banho frio, de separar a lanterna de cabeça, usar o power bank para carregar baterias do celular e do relógio para o dia seguinte e ir jantar.

Na manhã seguinte, acordei descansado, mas ainda estava escuro, aproveitei para arrumar minhas bagagens e fui para o café de malas prontas. Encontrei o Ivo e o Edson, quando fui me despedir, eles também iam começar a caminhar; fomos juntos conversando e ambos me disseram que eu tinha que conhecer o omelete do Caminho da Fé. Realmente tinham razão, além do excelente atendimento, o restaurante Oasis era localizado num lugar maravilhoso e estratégico. Depois dali, pedalei um pouco, e na forte subida, seguimos juntos novamente para fazermos as fotos que marcam muito os encontros com as pessoas que conhecemos ao longo do caminho.
Logo adiante, encontramos um enorme rosário, que é uma prática religiosa para os cristãos, constituído por um colar de contas passadas pelos dedos para marcar as orações que vão sendo feitas. No Caminho da Fé, o rosário é uma oração católica tradicional, que procura honrar Nossa Senhora, por isso muito utilizado por muitos peregrinos.
Confesso que me senti muito pequeno, mas muito pequeno mesmo, embaixo daquele enorme rosário; ao mesmo tempo feliz por estar ali, diante de um rosário gigante para uma Mãe tão grande como Nossa Senhora.



Continuando num aclive ainda acentuado, cheguei ao km 102, e na sequência, à divisa de Minas Gerais com São Paulo, agora estava apenas a 21 km de Campos do Jordão.



Como o trecho seguinte era de asfalto, ali me despedi do meus amigos e segui em frente, agradecido por ter vencido esta etapa, agora no Km 100, encontrei o pai e filho: Jardel e o João Fagundes, que estavam distribuindo água, frutas a todos que estavam fazendo o Caminho da Fé. Não me contive e conversei muito com eles, que me recomendaram visitar a Pedra do Baú e diante disso, desviei a minha rota para conhecer o Monumento Natural Estadual Pedra do Baú. Valeu a pena! Apenas desviei o foco, não o objetivo.




De volta à seta amarela, agora no Km 88 abaixo dos três dígitos, eu já estava em Campista. Parei para comprar água num bar e restaurante, e estavam de saída o Edson e o Ivo, ambos com seus cajados. Espantados, perguntaram o que havia acontecido, pois imaginavam que eu já estava instalado em Campos do Jordão, e pretendiam me ligar. Expliquei a eles que havia ido visitar a Pedra do Baú.
Depois de carimbar a minha credencial, despedimo-nos novamente e logo depois eu já estava no Km 86. Na bifurcação, ainda estrada de chão, peguei a esquerda, passando por uma região de muitos pinheiros à beira da estrada, com muitos galhos e sapés caídos pelo caminho.
Deixando a estrada de chão, voltei para a rua asfaltada com calçadas largas, eu estava no km 76, e senti que entrei numa zona de conforto: agora estava em Campos do Jordão. Encontrei com diversos bicigrinos novamente, e perguntei sobre o local que ficariam hospedados; um deles, retardatário, informou que haviam reservado no Bike Ville MTB. Busquei na minha mente e me situei, aderi à sugestão e lá também me hospedei – um ambiente acolhedor, uma ducha ótima para lavar a bike e com um quarto individual escolhido por mim. As acomodações para três ou mais pessoas também eram espetaculares.



Meio deslocado do grupo, conversei com algumas pessoas e saí para jantar. Retornei cansado, mas ainda fui rever as distâncias no guia do peregrino, fornecido em Tambaú, na oficina do peregrino.
O percurso previsto para a manhã seguinte era prosseguir por estrada de chão. Optei por não seguir no acostamento de estrada asfaltadas com tráfego e barulho de veículos. Planejei deixar Campos do Jordão, seguir para Gomeral, Potim/Pedrinhas e chegar a Aparecida, tudo isso numa condição normal com um lindo dia de sol – seria o meu sonho. Mas, durante a noite choveu muito, ótimo para dormir. Relaxei.
No dia seguinte acordei descansado e ouvi que ainda chovia, troquei de roupa, fui tomar um café e lá estavam os ciclistas que iriam naquele dia para Aparecida. Conversando com eles, alguns estavam na dúvida se iam ou não seguir a cicloviagem. Falei para o Thiago Rocha que, apesar dos alforjes, eu iria pedalar na chuva. Gentilmente, ele conversou com o Robson, que fazia parte do grupo e estava de caminhonete dando apoio para a equipe de mineiros, e o Robson prontamente me pediu os alforjes para levá-los no carro, dizendo que nos encontraríamos em Aparecida, assim fiquei mais animado para fechar o dia dentro dos meus planos.
Agradeci a todos, desejando um bom pedal e deixei a pousada rumo à saída para o Horto Florestal, seguindo pela Avenida Pedro Paulo, quando me deparei com a seta amarela no Km 50; continuei em frente, passando da entrada, os mineiros me chamaram, retornei e já ouvia aquelas brincadeiras da Germana: “Quer moleza uai?! Quer pedalar só no asfalto?!”. Aos risos, fizemos uma foto embaixo da placa que sinalizava Mirante – São José dos Alpes. Ali, antes do horto, à direita começava a estrada de terra larga, arborizada, que segue para a Serra das Pedrinhas. Depois de 6 km de subida – um mirante do Pau Arcado, havia uma cortina de cerração, e eu não conseguia ver nada.





Seguindo as setas depois do Km 44 numa cerração fechada, cheguei ao trevo onde havia uma placa sinalizando Mirante – São José dos Alpes, segui em frente e para a minha surpresa, eu me deparei com esta sinalização: “Este é o ponto mais alto do Caminho da Fé”.
Após uma bifurcação, passando por ponte de madeira, segui em frente, onde tinha a Pousada Santa Maria da Serra – um lindo lago na frente. Chegou a hora do lanche, já tinha passado das 12h30, nada mais justo.



Na pousada, fui informado que havia chovido muito no dia anterior e à noite, a estrada estava boa para pedalar, o barro não chegava a grudar, e me despedi. Logo adiante, depois do Km 36, iniciou a descida da Serra das Pedrinhas, realmente não havia barro, mas passando por capelas, curvas, rios, cachoeiras e muitas pedras soltas e outras lisas, em alguns momentos precisei descer da bike e empurrar para evitar acidente.








Foram 26 km de descida, sendo 15 íngremes e técnicos, que exigiram muita calma e freios, assim consegui chegar a Potim no Km 10; deste ponto em diante, encontrei uma estrada com muitas poças d’água e dava para sentir a areia que jogava nos paralamas e freios, mas foi um trecho curto, logo começou o asfalto num trecho de uns 8 km, e assim foi até o Km 2. Ao cruzar a ponte sobre o Rio Paraíba, que divide Potim de Aparecida, já se tinha uma vista do Santuário Nacional de Nossa Senhora, com mais uns 10 ou 15 km de pedal, cheguei ao Santuário Nacional, e me veio à mente tudo o que vivi nesses dias de CAMINHO, refleti sobre os motivos que me levaram a ela, foi ali que tive a certeza do quanto aprendi no Caminho da Fé.







Dali me dirigi para o Hotel Catedral, onde os mineiros estavam hospedados e eu precisava pegar meus alforjes com o Robson, que já estava instalado. Como havia vaga nesse hotel, lá me hospedei também. Na manhã seguinte, foi ótimo encontrar os mineiros ciclistas e tomar um café com os que por ali ainda estavam.



Com 20 anos completos oficialmente em 2023, Caminho da Fé, inspirado no milenar e famosíssimo Caminho de Santiago de Compostela (França e Espanha), foi criado para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, e realmente cumprem o seu propósito.
Como cicloviajante, trouxe comigo agradáveis lembranças do Caminho, que, além da óbvia conexão com a natureza, só a motivação e a prática nos levam a refletir sobre muitas coisas. Ninguém sai do Caminho da Fé como entrou; agora só depende de mim pôr em prática o aprendizado.
Foram 10 dias bem vividos como cicloviajante, traduzidos em torno de quase 400 km de passeio.
Buen Camino!